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terça-feira, 27 de julho de 2010


Falar a verdade é o que nos torna reais. É difícil ao homem esquecer que precisa conhecer a verdade, pois o instinto de saber, em nós, é forte demais para ser destruído, mas , ele pode esquecer como é também forte sua necessidade de falar a verdade. Não podemos conhecer a verdade se não nos conformarmos com ela.

Devemos ser verdadeiros por dentro, verdadeiros a nós mesmos, antes de podermos conhecer uma verdade que está fora de nós.

Se os homens ainda hoje admiram a sinceridade, não é, talvez por causa da verdade que ela proteje, mas simplesmente por ser uma qualidade atraente na pessoa que a tem. Gostam de ser sinceros não por amor da Verdade, mas porque considerados sinceros, os outros o amarão.

Somos muito parecidos com Pilatos. Vivemos sempre a perguntar “que é a verdade?”, e, depois, crucificamos a verdade que está em pé diante de nós.

Que é pois, a verdade?

A verdade, nas coisas, é a sua realidade. Em nossa mente, é a conformidade do nosso conhecimento com as coisas conhecidas. Em nossas palavras, é conformidade de nossas palavras com o que pensamos. Em nossa vida, é a conformidade das nossas ações com o que se supõe que sejamos.

Verdade objetiva é uma realidade que se encontra tanto dentro como fora de nós, à qual pode a nossa inteligencia conformar-se. Devemos conhecer essa verdade e manifesta-la por palavras e ações.

Não se exige que se mostre tudo o que sabemos, porque há coisas que nos cumpre guardar ocultas dos homens. Mas, há outras que devemos tornar conhecidas, ainda que outros já as conheçam.

Veracidade, sinceridade e Fidelidade têm estreito parentesco. Sinceridade é ser fiel à verdade. Fidelidade é ser veraz nas promessas e resoluções. Uma inviolável veracidade nos torna fiéis a nós mesmos, a Deus e a realidade ambiente. E, por isso mesmo, faz-nos perfeitamente sinceros.

A sinceridade, no seu mais profundo sentido, deve ser mais do que uma disposição temperamental à franqueza.

A verdade é a vida da inteligencia. O espírito não vive plenamente, senão pensando direito. A sinceridade no sentido mais pleno, é um dom divino, uma clareza de espírito que só pode vir com a graça.

O homem sincero, portanto, é o que tem a graça de saber que pode ser instintivamente insincero e que até a sua sinceridade natural pode converter-se em disfarce da irreponsabilidade e da covardia moral- como se fosse bastante reconhecer a verdade e ficar de braços cruzados!

Mas o mundo inteiro aprendeu a escarnecer da veracidade, ou a ignorá-la. Metade do mundo civilizado ganha a vida pregando mentiras. A propaganda, os anúncios e todas as formas de publicidade que tomaram o lugar de verdade, ensinaram os homens a supor que podem dizer a outros o que quiserem, contanto que soe bem e provoque neles uma resposta emocional profunda.

Como nos é dificil ser sinceros uns com os outros, quando nem nos conhecemos a nós mesmos, nem uns aos outros. A sinceridade é impossível sem humildade e amor sobrenatural.

A falsa sinceridade tem muito a falar, porque ela tem medo. Só a verdadeira candura pode dar-se ao luxo de ser silenciosa.

O raciocínio de algumas pessoas piedosas são muitas vezes insinceros, de uma insinceridade proporcional à sua cólera.

Um homem de sinceridade interessa-se menos em defender a verdade do que em estabelecê-la claramente, porque ele pensa que a verdade claramente vista se incumbirá ela mesma a sua defesa.

O medo é talve, o maior inimigo da sinceridade. Quantos homens temem seguir a consciência só porque preferem mil vezes conformar-se à opinião dos outros a aderir à verdade que conhecem em seu coração! Como posso ser sincero, se mudo, sem cessar, de opinião para conformar-me à sombra do que penso que os outros esperam de mim?



SINCERIDADE

No final das contas, o problema da sinceridade é um problema de amor. Sincero não é tanto o homem que vê a verdade e a manifesta tal qual a vê, mas o que lhe tem um puro amor.

É dificil exprimir em palavras a importância dessa noção. O problema fundamental do nosso tempo não é a falta de conhecimento, mas a falta de amor.

Para amarmos sinceramente, e com simplicidade, devemos primeiro vencer o medo de não sermos amados.

A sinceridade é, talvez, a mais vitalmente importante qualidade da verdadeira oração. Ela é a única prova de Deus. Não importa a profundeza das nossas meditações, a severidade das penitências, não importa saber quão grande é a liturgia que celebramos, puro o nosso canto, nobres os pensamentos que temos sobre os mistérios de Deus. Tudo será inútil se não queremos realmente dizer o que dizemos.

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